
Xavantes denunciam despejo aéreo de agrotóxicos próximo a Terra Indígena Marãwaitsédé, que fica entre municípios de Alta Boa Vista e São Félix do Araguaia, no Mato Grosso. Fortes dores de cabeça e febre alta afetam pelo menos 20 indígenas.
Eles relatam que a pulverização na região é constante, mas que agora têm sido feitas cada vez mais próximas à aldeia. As informações são do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Entre tantos despejos de veneno, os indígenas destacam o realizado no 26 de dezembro, em que um avião teria pulverizado durante 20 minutos. Cosme Xavante, uma das lideranças locais, afirma que a aeronave chegou a passar rapidamente por cima da aldeia, que está a apenas 10 quilômetros de plantações de soja.
Cosme conta que a Fundação Nacional do Índio (Funai) compareceu à aldeia e alegou encaminhar o caso ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). Procurado, o órgão indigenista afirmou que ainda não há comprovação de intoxicação ou despejo de agrotóxicos, mas que está apurando a denúncia.
Atualmente, a terra dos Xavante passa por um processo de desintrusão. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), publicada em outubro de 2012, os não índios devem deixar a área. De acordo com a Funai, “quem não sair terá os bens confiscados pela Justiça e deverá responder pelo crime de desobediência”.
Mesmo estando homologada desde 1998, os Xavante sofrem grandes pressões de latifundiários desta região do Mato Grosso. Dos 165 mil hectares reconhecidos como terra tradicional e registrados pela União, apenas 20 mil estão ocupados pelos indígenas. (pulsar)