A conclusão é da ONG Anistia Internacional. A declaração, feita à BBC Brasil na última terça-feira (27) ocorre em meio a onda de violência que tomou conta do estado nos últimos seis meses.
Além da falha na segurança, a ONG também apontou a dificuldade em punir abusos a direitos humanos cometidos por agentes públicos. Segundo dados oficiais da Secretaria de Segurança Pública, somente em outubro deste ano na Grande São Paulo foram registrados 329 homicídios. No mesmo mês do ano passado ocorreram 182. Um crescimento de 80%. Só na capital foram 176 assassinatos contra 82 em outubro de 2011, o que representa uma alta de 114%.
A Anistia Internacional citou também que há suspeitas de envolvimento de policiais em homicídios motivados por vingança. Esses casos não teriam sido investigados adequadamente “durante muitos anos”.
De acordo com o doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), Daniel Hirata, o governo estadual deve combater, primeiramente, os grupos de extermínio compostos por membros da Polícia Militar. Para Hirata, o estado é conivente com a situação, pois adota uma política de controle social, que segundo ele é a mais “desastrosa possível”.
Ele ainda complementa que “as instituições de segurança pública e as políticas de segurança não podem estar a serviço de uma máquina de guerra, qualquer que sejam as suas causas, seus atores e suas motivações”. Hirata complementa que o uso de forças ilegais para o fomento dessa guerra não deve ser tolerado e muito menos deve fazer parte dos recursos do Estado.
Dados do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que em apenas 27 dias, 62 pessoas foram mortas por PMs na região metropolitana, uma média diária de duas mortes. (pulsar/brasildefato)