Foi lançada nesta quinta-feira (8), em São Paulo, a Frente Drogas e Direitos Humanos. São 50 organizações da sociedade civil, desde associações de moradores de rua até coletivos que lutam pela regulamentação da venda e consumo de entorpecentes.
Apesar de trabalharem em distintas perspectivas, as entidades concordam que as estratégias atuais de “guerra” às drogas não estão funcionando, por isso, propõem uma mudança. Júlio Delmanto, membro do Coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR), acusa o poder público de gastar bilhões de dólares anualmente sem fazer com que os usuários de drogas deixem de consumir.
Ele citou dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), que apontam que “22% dos brasileiros já fizeram uso de alguma substância proibida pelas leis do país”.
Júlio também adianta que um dos objetivos da Frente é ampliar o debate, que hoje em dia se atém aos circuitos médicos e jurídicos. Como lembra o integrante do DAR, a discussão sobre as drogas não pode ficar restrita apenas aos usuários ou a quem lida com eles, pois atinge toda a sociedade, direta ou indiretamente.
O retorno do termo “internação compulsória” ao discurso político brasileiro é outra característica que incomoda os integrantes da Frente Drogas e Direitos Humanos em São Paulo. Esse tipo de internação obriga legalmente a internação do paciente para tratamentos psiquiátricos, mesmo contra sua vontade.
Um dos principais objetivos da Frente é incidir sobre os governos para que deixem de tratar os usuários de drogas, e sobretudo de crack, na base da repressão e passem a considerar as pessoas viciadas como cidadãos capazes de tomar decisões. (pulsar/brasilatual)