A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro ajuizou uma ação civil pública pedindo a preservação e recuperação do prédio histórico onde funcionou o Museu do Índio, na região do Estádio Jornalista Mário Filho, o Maracanã.
O governo estadual anunciou que o prédio será demolido, defendendo a ideia que que isso melhoraria a dispersão do público e a circulação de pessoas nos jogos da Copa do Mundo de 2014. De acordo com informações da Agência Brasil, o pedido de liminar, feito na última quarta-feira (24) à Justiça Federal, além de contemplar a preservação do edifício, também defende a missão do Museu, que é divulgar a cultura indígena.
O historiador Milton Teixeira defende a preservação do espaço, tanto pelo valor histórico quanto cultural. Ele explica que o Museu do Índio foi erguido por volta de 1905 pelo Ministério da Agricultura para sediar o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), que deu origem à Fundação Nacional do Índio (Funai). Milton também conta que quando foi transferido para Botafogo, em 1976, o edifício foi abandonado, invadido e saqueado, e todas as coisas de valor foram roubadas, inclusive, degraus, arcos, a escadaria, portas, janelas, esquadrias.
Autor da ação que pede pela preservação do prédio próximo ao Maracanã, o defensor público federal André Ordacgy afirma que o local foi retomado em 2006, quando indígenas de diversas etnias montaram o que chamam de “Aldeia Maracanã”, uma referência nacional para indígenas que visitam a cidade.
Cerca de 20 índigenas moram em casas de barro e ocas, construídas no terreno ao redor do prédio, e reivindicam a criação de um polo cultural no local. A região, considerada solo sagrado, era habitada pela tribo Maracanã, que deu origem ao nome do rio e do estádio.
Um laudo do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ) já atestou que o prédio não corre o risco de cair e pode ser recuperado apenas com obras de arquitetura, sem necessidade de intervenções estruturais. O Crea informou que é possível fazer a reforma no entorno do Maracanã para melhorar a circulação de pessoas sem que seja preciso derrubar o prédio.
O governo estadual insiste em alegar que a demolição é uma necessidade para cumprir as exigências da Federação Internacional de Futebol (Fifa), organizadora da Copa de 2014. Contudo, a própria Fifa já negou que tenha pedido a derrubada do espaço. (pulsar)