O documento “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21 – Oportunidades e Desafios” informa que as perdas no sistema de transmissão de energia no país são de cerca de 20%, um dos índices mais elevados do mundo.
A nova edição do relatório foi lançada nesta segunda- feira (12) na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Os autores destacam que cenários de demanda energética não devem ser traçados exclusivamente a partir de projeções do crescimento econômico medido pelo Produto Interno Bruto (PIB).
Nesse sentido, apontam que o governo deve revisar urgentemente sua política energética, priorizando a redução de desperdícios que provocam aumentos nas tarifa e a ausência de recolhimento de impostos pela energia não faturada. O relatório aponta que cerca de 8% da energia consumida no Brasil deixa o país incorporada no minério de ferro, em produtos siderúrgicos e celulose exportados com baixo valor agregado, pouca geração de empregos e elevado custo socioambiental.
As emissões de gases de efeito estufa, as perdas da biodiversidade e a violação de direitos de populações com a construção de hidrelétricas na Amazônia também são lembradas. O texto destaca que tais impactos têm sido subdimensionados ou desconsiderados pelo governo e por empreendedores privados.
O relatório aponta ainda que a energia solar e eólica são menosprezadas. Com base em tecnologias disponíveis para o aproveitamento de energia do sol captada em menos de 5% da área urbanizada do país, seria possível atender a 10% de toda a atual demanda nacional. Já o potencial inexplorado de energia eólica corresponderia a quase três vezes o total da capacidade hoje instalada no país.
O documento conclui que são necessários mecanismos de transparência e espaços democráticos de debate sobre o tema, o que não está ocorrendo por falta de vontade política do governo. Integram o relatório o Instituto Socioambiental (ISA), Greenpeace Brasil, Amigos da Terra, International Rivers, Amazon Watch, WWF, assim como professores de centros de pesquisas do setor elétrico, tecnológico e sobre a Amazônia. (pulsar/ecodebate)