A arte torna o ser humano imortal. Assim será com Rita Lee. Ela, com suas letras poéticas, refletiu sobre as várias formas de amor, as dores e o prazer das relações, e suas músicas marcaram gerações desde os anos 60. Ousada e na vanguarda, sempre forçou e expandiu os limites dos costumes da época, inclusive os difíceis anos da ditadura militar.
Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo. Era filha de Charles Jones, dentista e filho de imigrantes dos Estados Unidos, e da italiana Romilda Padula, que era pianista e incentivou a então futura mais importante roqueira do país.
Defensora dos direitos das mulheres, e de toda e qualquer igualdade, Rita estreou nos palcos como fundadora dos Mutantes, e foi tão rock quanto pop, tão new wave quanto MPB, tão tropicalista quanto punk.
Se tornou um ícone da MPB, sendo uma das primeiras mulheres a tocar guitarra em um palco, a “gringa” descolada que falava abertamente de sexo, maconha, feminismo, e, nos últimos anos, continuou sendo amada e jamais esquecida.
Foi casada com Arnaldo Baptista, criador do grupo Os Mutantes ao lado de seu irmão Sérgio Dias.
Desde 1976 vivia com o também músico Roberto de Carvalho.
Numa entrevista a um jornal paulista, Rita questionou o porquê dele ser tão apaixonado.
O diálogo que se seguiu é a verdadeira fórmula amor:
Rita: “Como você me aguenta há 44 anos? Confissão: sou uma mulher esquisita, ex-presidiária, ex-AA (Alcoólicos Anônimos), ex-NA (Narcóticos Anônimos), não sei cozinhar, sou cinco anos mais velha, sem peito, sem bunda e fumante.”
Roberto: “Sou teleguiado pela paixonite há 44 anos, espero que tenhamos pelo menos mais 44 anos pela frente. Só consigo visualizar a antítese do que está nesta confissão. Quando você se declara ‘esquisita’, eu vejo original e genial. Ex-presidiária por injustiça, vítima da repressão. Não precisa cozinhar, eu cozinho pra você. Esses seus peitos amamentaram nossos três filhos. ‘Cinco anos mais velha’, não: mais ‘antiga’, e você sabe o quanto eu adoro antiguidades. E quanto aos AA e NA, well, “shit happens to everyone!”.
Rita deixa o marido (que ela preferia chamar de “namorado”) e os filhos Beto, Antonio e João.
Segundo nota da família, Rita morreu “cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou.”
Em seu epitáfio deixou a seguinte frase:
“Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa “
Amarc Brasil,
Maio,2023