O país amanheceu cinzento, sem as cores e amores de Elifas Andreato, um dos maiores artistas do designer gráfico mundial. Ilustrador, cenógrafo, pintor, fotógrafo e tudo mais que se imagine, Elifas nos deixou após complicações em decorrência de um infarto, segundo familiares.
Seu traço ficou conhecido pelas mais de 300 capas de discos que produziu para as maiores estrelas da MPB, de Chico Buarque a Paulinho da Viola, passando por Vinicius de Morais, Elis Regina, Zeca Pagodinho e Criolo.
Grande defensor da cultura popular, Elifas teve uma infância pobre. Nascido em Rolândia, no interior do Paraná, foi criado nos cortiços de São Paulo, até ser descoberto quando trabalhava em uma fábrica de fósforos.
Fez estágio em agência de publicidade e chegou até a Editora Abril, se destacando nos anos de 1970. No período da ditadura, integrou a equipe de jornais da imprensa alternativa, fez cartazes para peças de teatro censuradas pelo governo militar, lutou pela redemocratização e pelo fim do regime autoritário.
Para a radialista Mara Régia, o sentimento é de “eterna gratidão. Vamos ter que nos metamorfosear para viver sem o nosso querido pintor dos sons!”
Com a mesma emoção, seu irmão, o ator e diretor Elias Andreato, escreve em sua carta de despedida:
“Meu irmão mais velho, desde pequenino, rabiscava seus sonhos e ia mudando o nosso destino. Tudo o que ele tocava com as suas mãos, virava coisa colorida, até a dor que ele sentia era motivo de tinta que sorria. Sua travessura era zombar da pobreza e de toda a tristeza que ele via.
Se o quarto era apertado, ele criava castelos longínquos. Se a fome era tamanha, ele pintava frutos madurinhos. E eu que também era pequenino, ficava ao seu lado, tentando entender o que ele tinha de especial, dado pelos deuses, que habitavam o nosso pequeno quintal.
(…)
Meu irmão, você retratou o que o nosso povo tem de mais belo: a dignidade.
Irmão meu amado, você coloriu meu coração.”
A Amarc Brasil espera que essa capacidade de transformar a realidade inspire a cada um, a cada uma de nós!
Siga em paz, companheiro!
