
Caso a Reforma Agrária continuasse no ritmo que teve em 2012, o Brasil precisaria de 50 anos para assentar as mais de 200 mil famílias que aguardam a conclusão dos processos de desapropriações de grandes propriedades improdutivas. É o que aponta relatório elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
No ano que passou, o documento destaca que o país obteve os piores índices em quase duas décadas. E ressalta que atualmente a Reforma Agrária está relegada à periferia das políticas públicas e do orçamento. A análise usa como base os próprios dados oficiais.
O número de famílias assentadas em 2012 atingiu a taxa mais baixa registrada desde 1994 e representou apenas 36% da meta prevista. A CPT critica o governo por investir preferencialmente no agronegócio como modelo para o campo.
De acordo com a Pastoral da Terra, a falta de prioridade à Reforma Agrária atinge ainda as comunidades quilombolas, indígenas e ribeirinhas, dentre outros povos tradicionais. Foram publicadas, por exemplo, apenas quatro Portarias de Reconhecimento pelo Incra e sete Relatórios de Identificação de Territórios Quilombolas (RTID).
Em 2012, o Nordeste seguiu sendo a região com maior número de conflitos por terra no país, concentrando 43% dos registros. Além da falta de Reforma Agrária, o documento da CPT relaciona a violência no campo à chegada de grandes empreendimentos industriais.
Diante do atual cenário, a perspectiva para 2013 é a de que os povos do campo coloquem em marcha lutas unificadas. Na agenda das organizações e movimentos sociais, está prevista a realização do 1º Congresso Camponês do Brasil. (pulsar)