
O trabalhador rural e militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) Cícero Guedes foi assassinado por pistoleiros na última sexta-feira (25), nas proximidades da Usina Cambahyba, município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro.
Em nota, o MST disse exigir que os culpados sejam julgados, condenados e presos. De acordo com o movimento, a morte de Cícero é resultado da violência do latifúndio, da impunidade das mortes dos Sem Terra e da lentidão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para assentar as famílias e fazer a Reforma Agrária.
Assim como o movimento, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República divulgou em nota que considera a morte do trabalhador “ilustrativa” sobre “a morosidade nos processos judiciais de desapropriação de terras improdutivas para a reforma agrária”. Segundo a Secretaria, essa lentidão é responsável por agravar “a disputa fundiária na região norte fluminense”.
Cícero foi baleado quando saía do assentamento de bicicleta. Nascido em Alagoas, foi cortador de cana e coordenava a ocupação do MST na usina, que é um complexo de sete fazendas com 3 mil e 500 hectares. A área pertencia ao já falecido Heli Ribeiro Gomes, ex-vice governador biônico do Rio, e agora é controlada por seus herdeiros.
As fazendas da Usina Cambahyba acumulam dívidas de milhões com a União. Há 14 anos, o Incra considerou as terras improdutivas e passíveis de desapropriação para fins de reforma agrária. No entanto, até hoje a Justiça Federal impede a desapropriação da área e já determinou despejos violentos de famílias que reivindicaram a terra.
Em dezembro de 2012, o Incra voltou a firmar o compromisso de criar um assentamento na área da Usina, mas até agora não avançou no sentido de assentar os Sem Terras. De acordo com informações da página do MST, Cícero Guedes vivia, desde 2002, no assentamento Zumbi dos Palmares, também no norte do Rio de Janeiro. O militante era uma referência na construção do conhecimento agroecológico. (pulsar)