Os indígenas Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, têm sofrido ameaças no processo de retirada de fazendeiros que se apossaram de suas terras. Eles pedem por segurança em deslocamentos para fora da aldeia.
O clima ficou mais tenso após o indígena Mário Paridzané ter sido perseguido por quatro veículos, o que resultou na capotagem de seu carro. Ele, que é filho do cacique Damião Paridzané, afirma que o episódio não foi um simples acidente, uma sim uma ameaça.
De acordo com informações da entidade Operação Amazônia Nativa (Opan), Mário voltava do município de Barra do Garças após ter realizado o transporte de crianças indígenas desnutridas até um hospital da região, no último 3 de novembro.
Mário foi socorrido por um motorista de caminhão e levado até a entrada da aldeia. Um grupo de indígenas retornou ao local da capotagem e encontrou a caminhonete incendiada. Com o acidente, Mário sofreu ferimentos na cabeça e pelo corpo, mas só conseguiu vaga em um hospital cinco dias depois do ocorrido.
O carro, que sofreu perda total, pertencia à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e era o único cedido pelo governo para atendimento à saúde indígena. A comunidade Xavante registra altos índices de doenças em meio ao assoreamento de córregos, contaminação por agrotóxicos e falta de abastecimento de água potável.
Depois de 17 anos de tramitação na Justiça, o processo de desintrusão da Terra Indígena Marãiwatsédé foi novamente autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em outubro desse ano. A Fundação Nacional do Índio (Funai) já iniciou as notificações de saída aos fazendeiros. A partir disso, cada invasor têm até 30 dias para deixar esta terra tradicional indígena no Mato Grosso. (pulsar)