Entre as 19 pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal (MPF) do Mato Grosso do Sul pela morte do cacique, estão fazendeiros, advogados, um secretário municipal e funcionários de uma empresa de segurança privada.
Os acusados também respondem na Justiça por outros crimes relacionados à tentativa de expulsão dos indígenas do acampamento Tekoha Guaiviry, instalado às margens de uma rodovia entre Ponta Porã e Aral Moreira, no sul do estado. A divulgação das informações só foi possível a partir do levantamento do segredo de Justiça, somente concedido neste mês.
De acordo com informações o próprio Ministério Público, os diferentes processos tratam de crimes como homicídio qualificado, lesão corporal, ocultação de cadáver, corrupção de testemunha, formação de quadrilha ou bando armado e porte ilegal de arma de fogo.
As investigações revelaram que, após a ocupação da área de mata da fazenda pela comunidade indígena, um grupo iniciou um plano para promover a retirada dos indígenas. Durante ação violenta de expulsão, em 18 de novembro de 2011, Nísio Gomes desapareceu.
Ainda que corpo do cacique não tenha sido localizado, o MPF aponta que há provas suficientes de homicídio qualificado. Além de depoimentos, um laudo pericial apontou vestígios de sangue na trilha do acampamento indígena. Um exame de DNA confirmou ser de um “indivíduo do sexo masculino, geneticamente relacionado à mãe e aos filhos de Nísio Gomes”.
A denúncia do Ministério Público destaca que este crime, que completou um ano e teve repercussão internacional, colocou foco em um “ambiente onde imperam o preconceito, a discriminação, a violência e o constante desrespeito a direitos fundamentais” dos 44 mil guarani kaiowás e guarani ñandevas que vivem no Mato Grosso do Sul. (pulsar)