Dois acusados de participação no assassinato do trabalhador sem terra Sebastião Camargo em 1998 em Marilena, Noroeste do Paraná, foram condenados por homicídio na madrugada de ontem (28). O julgamento ocorreu em Curitiba.
Osnir Sanches foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa de segurança privada, utilizada para recrutar jagunços e executar despejos ilegais. Teissin Tina, ex-proprietário da fazenda Boa Sorte, onde o agricultor foi assassinado, foi condenado a seis anos de prisão por homicídio simples. Os condenados poderão recorrer da decisão em liberdade.
A sentença saiu após cerca de 16 horas de julgamento, com votação do júri popular em 4 a 0. Para o advogado assistente de acusação, Fernando Prioste, a votação expressiva mostra que a sociedade já não aceita o argumento de que a propriedade está acima da vida. Prioste, que é assessor jurídico da Terra de Direitos, explica que a defesa utilizou a ocupação da área pelos sem terra como justificativa para matar. No entanto, os jurados rejeitaram essa tese.
Na avaliação de Diego Moreira, integrante da coordenação estadual do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a decisão do Júri mostrou a possibilidade de ainda poder acreditar um pouco na justiça. De acordo com ele, a condenação de um fazendeiro e um aliciador de milícias armadas “é uma vitória para os trabalhadores”.
Ele ainda reforça que com as investigações anteriores, os depoimentos prestados ao longo do julgamento e a condenação de Sanches, fica nítida a existência das milícias armadas, organizadas pela União Democrática Ruralista (UDR). Além de Teissin Tina e Osnir Sanches, o julgamento previa a presença dos réus Marcos Prochet, ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), e de Augusto Barbosa da Costa, integrante da milícia organizada e financiada pela UDR.
Porém, os dois apresentaram substituição de advogados às vésperas do júri, e alegaram necessidade de mais tempo para se preparar para o julgamento. (pulsar)