
O primeiro dos julgamentos sobre o chamado massacre do Carandiru condenou 23 soldados da polícia paulistana neste domingo (21). Os agentes da tropa de choque conhecida como Rota foram condenados a 156 anos de prisão cada um. São 12 anos para cada uma das 13 mortes ocorridas no segundo pavimento do Pavilhão 9, em outubro de 1992. O juiz José Augusto Marzagão, porém, permitiu que os condenados recorram em liberdade.
Três dos 26 soldados acusados foram absolvidos. Durante o julgamento foi reduzida também a quantidade de vítimas da invasão policial àquele setor da Casa de Detenção, de 15 para 13. Um dos mortos, Jovemar Ribeiro, foi encontrado em outro local do presídio. O segundo, José Pereira da Silva, foi vítima de golpes de facas, o que indicaria ter sido atacado por outros internos.
A advogada Ieda Ribeiro de Souza, que defendeu os réus, disse que já interpôs o recurso da sentença. Ela disse acreditar que a condenação dos policiais não traduziu a vontade da população. Para Ieda, é possível que o julgamento seja anulado. O Pavilhão Nove do Carandiru abrigava presos primários, ou seja, que haviam cometido pela primeira vez qualquer tipo de crime. Muitos deles ainda nem haviam sido julgados. Com a invasão da polícia, foram mortos 111 dententos.
A ação foi comandada pelo coronel da polícia militar Ubiratan Guimarães, após consentimento do então governador Luiz Antônio Fleury e do ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos. Ubiratan havia sido codenado em 2001 a 632 anos de prisão. No entanto, o Tribunal de Justiça aceitou um recurso, cinco anos mais tarde, e o absolveu. O ex-governador Luiz Antônio Fleury não foi envolvido como réu no caso. (pulsar)