
A visita de integrantes da Comissão para o Desenvolvimento Econômico e da Subcomissão de Saúde em Países em Desenvolvimento do Congresso da Alemanha ao bairro Santa Cruz, na cidade do Rio de Janeiro, onde está instalada a ThyssenKrupp Companhia Siderúrgica do Atlântico (TKCSA), gerou decepção nos moradores.
O evento ocorreu em ocasião de denúncias de poluição e desrespeito à população por parte da empresa cujo capital majoritário é alemão. Após estarem na usina nesta quinta-feira (11), moradores e organizações em defesa dos direitos humanos foram convidados para uma reunião com os cinco parlamentares visitantes. No entanto, a delegação se atrasou e apenas houve tempo para breves relatos.
Marta Trindade, de 74 anos, contou que desde que a TKCSA começou a produzir, a poluição do ar causa sofrimento constante, lembrando das conhecidas “chuvas de prata”. A ex-enfermeira, que é moradora de Santa Cruz há 30 anos, disse que “a poeira fina se instala em todos os lugares e provoca doenças de pele em muitas pessoas”.
Já o pescador Jaci do Nascimento destacou que a construção da empresa afetou a Baía de Sepetiba e seus afluentes, deixando as águas “sujas e sem peixes”. Agora, ele e muitos de seus colegas estão desempregados. Diante da situação, o trabalhador pediu o apoio dos políticos alemães.
O parlamentar Uwe Kekeritz (Aliança 90/ Os Verdes) respondeu que “esses problemas precisam ser resolvidos localmente”. Ele reconheceu, no entanto, as contradições entre as informações apresentadas pela empresa e pelas pessoas impactadas. Kekeritz disse ainda que solicitará dados oficiais sobre a questão.
Inquietação maior surgiu quando o deputado conservador Helmut Heiderich (CDU / CSU) acrescentou que “a delegação não é destinatária das ações” e que “não recebeu informações suficientes”. Ele também criticou o documento entregue aos parlamentares, chegando a sugerir que informações sobre o funcionamento da TKCSA estariam incorretas.
Os moradores e ativistas não aceitaram essa postura e rebateram dizendo que a TKCSA, desde o início de sua construção, em 2005, coleciona ações civis e no Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MPE- RJ). “Por razões de programação e pressa”, os políticos alemães saíram e o encontro foi abruptamente encerrado. A moradora Marta Trindade avalia que a situação foi desrespeitosa : “me senti como uma estrangeira no meu próprio país”, disse. (pulsar)
Ouça:
A moradora Marta Trindade expressa sua decepção com a visita dos parlamentares alemães.