Os indicadores do hotline da Safernet, que recebe denúncias de 10 crimes contra os direitos humanos praticados com o uso da internet, mostram que houve mais denúncias de racismo, lgbtfobia, xenofobia, neonazismo, misoginia e apologia a crimes contra a vida em 2020 e em 2018 em relação aos anos que antecederam as últimas eleições municipais e presidenciais.
Educação contra a barbárie
Para a Safernet, a repressão penal aos crimes de ódio não pode vir desacompanhada de ações educacionais que promovam a diversidade.
“O discurso de ódio nas redes é usado como uma plataforma política para engajar a audiência, dar notoriedade ao emissor e assim trazer mais votos, por isso a abordagem do tema precisa ser estratégica. Acreditamos que a educação para qualificar o debate e o incentivo de conteúdos que promovam diálogo são caminhos para se alcançar um ambiente em que se conquiste votos por meio de ideias, não no grito”, afirma a psicóloga Juliana Cunha, diretora de projetos especiais da Safernet.
No dia 12 de abril, a Safernet lançou a segunda edição do SaferLab, um laboratório de ideias que apoia o protagonismo jovem na criação de conteúdos sobre direitos humanos para tornar a internet um lugar melhor – com mais diálogo e respeito à diversidade. Eram 10 jovens criadores das cinco regiões do país que contaram com mentorias, workshops e bolsas para criar contranarrativas ao discurso de ódio.
O lançamento do SaferLab foi marcado por uma live, que foi transmitida no YouTube da Safernet, que reuniu ativistas, pesquisadores e autoridades que estão na linha de frente do combate ao discurso de ódio e à intolerância.
Participaram da live a professora Lola Aronovich, da Universidade Federal do Ceará, Marcelle Decothé, do Instituto Marielle Franco, a Procuradora Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, Neide Cardoso, e Juliano Cappi, doutor pela PUC-SP, com pesquisa sobre o discurso de ódio. Os quatro discutiram como esse tipo de narrativa tem crescido no Brasil desde 2018 e como esse tipo de mensagens afeta as pessoas na época de eleições.
Crescimento do discurso de ódio nas eleições
Para a Safernet os indicadores da Central de Denúncias apontam que as eleições tornaram-se, nos últimos anos, um campo fértil para o discurso de ódio, que desde 2018 têm registrado aumento no período eleitoral.
Em 2020, racismo e xenofobia registraram mais do que o dobro de denúncias em relação à 2019. Já as denúncias de neonazismo tiveram um crescimento de 840,7% em 2020 em relação ao ano anterior.
Em 2018, misoginia, xenofobia e neonazismo tiveram os maiores percentuais de crescimento.