A Comissão Nacional da Verdade (CNV) apresentará até o final de novembro um balanço preliminar das atividades realizadas em seus primeiros seis meses de trabalho. Relatório parcial será divulgado durante evento em Brasília.
A sistematização deve postergar algumas atividades da Comissão. Um dos eventos que deve ocorrer apenas em 2013 é um seminário sobre a Operação Condor, que articulou órgãos da repressão no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Bolívia, orquestrando sequestros e assassinatos.
Outras atividades, porém, permanecem na agenda. Hoje (16) a psicanalista Maria Rita Kehl fará uma viagem de três dias à região do Araguaia, no Pará. Ela conduz pela Comissão os trabalhos sobre a repressão a camponeses e indígenas durante a ditadura militar.
Maria Rita diz que se surpreendeu com a quantidade de violações contra aldeias brasileiras no regime. Segundo ela, as mais graves violações contra etnias se deram no governo Ernesto Geisel, de 1974 a 1979. Foi durante a política de abertura de rodovias e concessão de terras para garimpagem na Amazônia.
A Comissão da Verdade foi empossada pela presidenta Dilma Rousseff em maio de 2012. A incumbência do grupo é investigar, em dois anos, as violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante o regime ditatorial que durou de 1964 a 1985.
Organizações e movimentos sociais acreditam que, além de interrogar militares, um ponto central seria a abertura dos arquivos da ditadura. Destacam também que as investigações da Comissão deveriam servir para responsabilizar torturadores na Justiça.
Como impedimento, está a atual interpretação da Lei de Anistia, de 1979, que indica que o perdão serve tanto para agentes do Estado como para os militantes de esquerda que resistiram à ditadura militar. (pulsar/brasilatual)