“O aumento do apoio às rádios independentes deve ocorrer em reconhecimento à sua importância para a paz – e deve acontecer agora”. A frase faz parte do texto de apresentação da 12ª edição do Dia Mundial do Rádio, celebrado nesta segunda-feira (13) sob o tema: “O rádio e a paz”.
Desde 2011, quando foi instituída pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a data tem como objetivo falar da importância do rádio, seu alcance e como ele pode colaborar para a construção da democracia.
Ao longo dos últimos 12 anos, o Dia Mundial do Rádio já abordou questões como igualdade de gênero, juventude, esporte, diversidade e confiança. Em 2023, conforme explica a própria Unesco, chegou a vez de destacar “o rádio independente como um pilar para a prevenção de conflitos e para a construção da paz”.
Segundo a organização, o rádio continua sendo um dos meios de comunicação mais confiáveis e o mais consumido no mundo e, justamente por isso, deve ser reconhecido como “um meio poderoso para celebrar a humanidade em toda a sua diversidade” e “uma plataforma para o discurso democrático”.
“Essa capacidade única de alcançar o público mais amplo significa que o rádio é capaz de moldar a experiência de diversidade de uma sociedade, assim como de ser uma arena para que todas as vozes se manifestem, sejam representadas e ouvidas. As estações de rádio devem servir a diversas comunidades e oferecer uma ampla gama de programas, pontos de vista e conteúdos, além de refletir a diversidade dos públicos em suas organizações e operações”, explica.
Em tempos de guerras, conflitos e polarizações políticas, a Unesco também destaca o trabalho de mediação exercido pelos profissionais do rádio em relação às disputas de narrativas junto à opinião pública.
“Em contextos de tensão distante ou imediata, os programas pertinentes e o trabalho independente de reportar notícias fornecem a base para uma democracia sustentável e para a boa governança, ao reunir evidências sobre o que está acontecendo, ao informar os cidadãos a respeito em termos imparciais e com base em fatos, ao explicar o que está em jogo e ao negociar o diálogo entre os diferentes grupos sociais”, acrescenta.
Para reforçar a agenda da paz em 2023, na página do Dia Mundial do Rádio, a organização também disponibiliza uma lista de ideias para as emissoras celebrarem a data com o tema da edição deste ano e uma série de materiais de apoio como artigos, e áudios de vencedores do Prêmio Nobel da Paz, políticos e artistas.
Independência
Mais do que ressaltar o papel do rádio em geral como “pilar para a prevenção de conflitos e para a construção da paz”, no Dia Mundial do Rádio 2023 a Unesco destaca a importância do trabalho desenvolvido pelas rádios independentes no fortalecimento da democracia.
A organização observa que “não são as reportagens instantâneas de rádio que contribuem para a prevenção de conflitos e para a construção da paz, mas sim a responsabilidade dos profissionais do meio para com os cidadãos, a verificação de fatos, a precisão, as reportagens equilibradas e a investigação jornalística por trás de cada noticiário e de cada programa”.
“A autonomia com relação a influências comerciais, ideológicas ou políticas potencializa o rádio em seu papel de vetor que leva à paz. Além disso, as variadas técnicas colaborativas dos programadores de rádio também reforçam a cultura do diálogo, por meio de programas e formatos participativos como participações ao vivo, talk shows e fóruns de ouvintes, entre outros; todos esses formatos oferecem oportunidades para se debater ao vivo questões latentes, inclusive divergências, de forma democrática”, detalha.
Ainda de acordo com a Unesco, o apoio às rádios independentes deve ser encarado como “um investimento na paz” e, assim, ser incluído com mais frequência em estratégias de prevenção de conflitos e consolidação de cenários pacíficos. A organização, inclusive, elenca uma série de possibilidades de fortalecimento das emissoras.
“O apoio pode ser fornecido de várias maneiras: por meio de financiamento de emergência ou assistência estrutural ao setor de rádio, com a promoção de legislação e regulamentação adequadas; pelo fomento do pluralismo e da diversidade do rádio; pela salvaguarda de sua independência; pela redução da cobrança de impostos; pela viabilidade financeira de modo geral, e assim por diante”, sugere.