
Desde o assassinato do indígena Denilson Barbosa, de 15 anos, mais dois ataques armados ocorreram contra os Guarani Kaiowá que, após o crime, retomaram seu território no Mato Grosso do Sul. É o que lideranças indígenas relataram ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Diante disso, em carta publicada hoje (5), a entidade apoia a reivindicação de que o governo federal implemente, de forma imediata, um programa de segurança às comunidades tradicionais que lutam pela demarcação das terras.
Reforça que as investigações sobre a morte de Denilson devem ser assumidas pela Polícia Federal, já que pode haver comprometimento da polícia estadual com os fazendeiros da região. Lideranças já denunciaram atuação “declaradamente anti-indígena” e preconceituosa de delegados locais.
Denílson foi morto por Orlandino Gonçalves Carneiro, réu confesso. As contradições e divergências entre os depoimentos do fazendeiro e dos dois indígenas sobreviventes ao ataque da noite do último dia 16 de fevereiro também ganham destaque na declaração do Cimi. A entidade refuta a versão de que Carneiro teria atirado da sua casa na direção do criadouro de peixes porque ouviu barulho e latidos de cães. E destaca que a distância da varanda da residência até o local onde Denilson foi morto é de pelo menos 400 metros.
Orlandino negou a participação de outras pessoas no caso. Mas, para o Cimi, o fazendeiro estaria tentando descaracterizar a prática de pistolagem. O objetivo seria despolitizar o conflito, falando em “fatalidade” e tirando a dimensão de crime contra os direitos humanos. O Cimi confia na versão dos indígenas e reafirma que existem traços de execução na morte do adolescente Guarani Kaiowá. (pulsar)