
Representantes de associações acadêmicas enviaram carta à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC), em repúdio à criação de premiação junto à mineradora Vale.
As entidades consideram inadequada a instituição do “Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade”, que é direcionado a estudos científicos sobre temas socioambientais. Elas consideram que parcerias como essa tendem a enfraquecer a autonomia científica de dissertações de mestrado e teses de doutorado.
No documento, listam trabalhos recentemente publicados que tratam justamente de danos cometidos pela Vale. Entre eles, a população de águas e solos e o desrespeito de acordos feitos com comunidades afetadas por empreendimentos da mineradora, inclusive indígenas e quilombolas.
A carta é assinada Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional (Anpur) e pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA). As entidades afirmam estar preocupadas com a perda de substância e qualidade da produção científica na área temática em questão.
Em 2012, a mineradora Vale foi considerada a pior do mundo no âmbito dos direitos humanos e do meio ambiente. A empresa foi vencedora do “Public Eye Awards“, premiação organizada pelas organizações Greenpeace e Declaração de Berna.
Com empreendimentos em 38 países, a empresa foi denunciada por más condições de trabalho, pilhagem de patrimônio público, exploração da natureza, entre outras violações. A Vale responde a 111 processos judiciais e 151 administrativos, além de ser campeã em multas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama). (pulsar)