
(foto:vozesemmovimento)
A Comissão de Assuntos Indígenas da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) publicou nesta segunda-feira (21) nota manifestando preocupação quanto a “forma leviana” como a Aldeia Maracanã tem sido tratada. A ocupação no antigo Museu do Índio ainda corre risco de remoção.
Os governos estadual e municipal do Rio de Janeiro querem derrubar o edifício com o argumento de aumentar a mobilidade nas proximidades do Maracanã para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. No entanto, a ABA recorda que a Constituição Federal determina que cabe aos poderes públicos promoverem políticas específicas para os povos e comunidades indígenas.
Dessa maneira, a Associação alerta para que os governos coloquem em prática o diálogo intercultural como tarefa imperativa. O documento da ABA lembra que, antes da ocupação indígena, o local se encontrava abandonado há quase 40 anos.
Carlos Tukano, integrante da Aldeia urbana, destaca que os indígenas resistem no espaço desde 2006. E diz que o prédio guarda a memória dos primeiros habitantes do Brasil. Assim como Tukano, a nota da ABA valoriza o “evidente valor histórico e arquitetônico” do edifício.
Além disso, a Associação Nacional de Antropologia aponta que as diversas etnias que hoje convivem no prédio do antigo Museu do Índio vêm realizando “a promoção da história e das formas de organização social e cultural indígenas”. A entidade classifica a Aldeia Maracanã como um instrumento de visibilidade da presença indígena na cidade.
A situação dos indígenas, no entanto, continua indefinida. A ocupação recebeu ordem de despejo na última semana. Ao mesmo tempo, o Tribunal Regional Federal (TRF2) deu um prazo de dez dias, a contar a partir da última quarta-feira (16), para que a União se manifestasse sobre o pedido de suspensão das liminares que impedem a remoção da Aldeia Maracanã. (pulsar)
Escute o áudio de Carlos Tukano, uma das lideranças da aldeia urbana, por aqui.