
Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade (CNV) o ex-chefe do principal órgão de repressão da ditadura militar brasileira, coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, negou as acusações de que tenha sequestrado, matado, torturado e ocultado cadáver à época do regime.
Coronel Ustra, que deu seu depoimento na última sexta-feira (10) em Brasília, foi comandante do Destacamento de Operações Internas do Centro de Informações de Defesa Interna do II Exército de São Paulo (DOI-Codi/SP) entre 1970 e 1974. além de negar os crimes, ele acusou a presidenta Dilma Rousseff de ter participado de quatro ” organizações terroristas” que tinham o objetivo de implantar o comunismo no Brasil.
Na mesma ocasião, Marival Chaves, ex-servidor do centro de tortura também prestou depoimento. Ele afirmou que os corpos dos presos políticos eram expostos aos oficiais do Exército do DOI-Codi após serem torturados e mortos nos chamados centros clandestinos de tortura.
Mesmo com a decisão judicial que lhe permitia ficar calado, Ustra decidiu falar em um depoimento de mais de uma hora, respondendo a diversas perguntas dos membros da Comissão Nacional da Verdade, Claudio Fonteles e José Carlos Dias. Perguntado se ocultou cadáveres, ele respondeu esbofeteando a mesa que sempre agiu “segundo a lei e a ordem”. Além de negar a sua participação na tortura, Ustra também negou que atos do tipo tenham sido cometidos dentro do DOI-Codi.
O integrante da Comissão, Fonteles, apresentar um documento secreto das Forças Armadas que revelava que mais de 50 pessoas foram mortas dentro do órgão depois de serem presas. O ex-coronel afirmou que o arquivo não provava a acusação e disse que as mortes dos militantes de esquerda aconteceram em combate.
Carlos Alberto Brilhante Ustra responde na justiça a diversas acusações de crimes praticados durante a ditadura, mas é protegido pela Lei da Anistia. Em junho de 2012 ele foi condenado a pagar 50 mil reais, por danos morais, à família do jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em 1971 pela tortura militar. (pulsar)