Nem bem a X Assembléia Mundial da AMARC foi aberta e as reuniões já começaram. O Conselho da AMARC passou a tarde reunido e a Rede Internacional de Mulheres também. Cerca de 25 mulheres da Argentina, país anfitrião, Brasil, Chile, Honduras, México, Nicarágua, Peru, Irlanda, País Basco e Espanha, debateram a trajetória e os rumos da Rede.
Depois de uma rodada de apresentação, Maru Chaves, da Argentina, fez uma relato da atuação da rede dos últimos anos, porém destacou a ausência de um registro da memória de anos anteriores.
Perla Wilson, da Rádio Tierra, do Chile, eleita vice-presidente da Rede de Mulheres para América Latina e Caribe, ressaltou a importância do momento eleitoral dentro da AMARC, visto que é o momento de se refletir e de colocar as cartas na mesa – propostas, metas, estratégias. Ela avalia que muitas ações políticas foram desenvolvidas e que hoje a Rede tem incidência em debates internacionais, como o Direito à Comunicação. Entretanto, se faz necessário debater quais são os novos caminhos para a atuação das mulheres, da mesma forma que Perla Wilson defende que o tema legislações seja mais aprofundado.
Margarita Herrera, da Nicarágua, que foi vice-presidente da Rede de Mulheres para a América Latina e Caribe, recuperou um pouco do momento de ruptura com a gestão de José Ignácio e Tachi Ariola, reconhecendo e agradecendo o trabalho deles para o fortalecimento desta rede. Margarita, que se afastou da AMARC no momento de tal ruptura, ressalvou a necessidade de resgatar essa memória, passando a palavra a Denise Viola, do Brasil, que também acompanhou o momento de re-fundação da AMARC.
Denise contextualizou que a postura política naquela ocasião não foi exclusividade da AMARC ALC, e que se cometeu o equivoco de “jogar fora a criança junto com a água suja do banho”, referindo-se ao fato de que se fazia necessário descentralizar a gestão, mas sem apagar o que foi construído até então, fala reforçada por outras participantes da reunião.
Olhando para frente, Rosário Puga, da Rádio Tierra, do Chile, destacou a necessidade de se produzir pensamento político como forma de incidir dentro de uma nova política, construindo lideranças capazes de articular e integrar a Rede.
Maru Chaves chamou a atenção para um problema estrutural do posicionamento das mulheres dentro do coletivo, reforçada por Claudia Villamayor, que defendeu a urgência de um forte trabalho “macro-interno”, de baixo para cima – estratégico e sistemático.
Foi quando a pauta chegou ao tema das eleições. Perla Wilson questionou o fato de criarmos espaços de poder e não ocuparmos esses espaços, como a não indicação de nenhuma mulher para a vice-presidência internacional da Rede de Mulheres.
Depois de debater a lógica da representação hoje e o curtíssimo prazo para indicar um nome, o grupo chegou ao consenso de que seria importante conversar com as mulheres da África e Ásia que ainda não haviam chegado e buscar um nome de uma mulher que vá assumir, com o suporte das outras integrantes, o compromisso de aproximar as redes da América Latina e Europa e provocar o debate sobre representação e atuação coletiva e colaborativa.
As mulheres voltarão a se reunir para apresentar uma candidatura à Vice-presidência das Mulheres.