
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro obteve liminar que impede a remoção da Aldeia Maracanã, no antigo Museu do Índio localizado na Zona Norte da cidade, ao lado do estádio. Para manter a decisão da Justiça, indígenas pedem por mobilização e mais apoiadores.
O governo de Sérgio Cabral (PMDB) poderá pagar multa diária caso desrespeite a ordem judicial. Durante todo o sábado (12), o Batalhão de Choque da Polícia Militar cercou o local. Diante da possibilidade de invasão, lideranças indígenas resistiram à intimidação de forma pacífica por mais de 10 horas.
A entrada e saída do imóvel esteve impedida. A intervenção policial foi realizada sem mandado de reintegração de posse. Vista a situação de tensão, centenas de pessoas foram até o local prestar apoio político e estrutural aos indígenas.
Urutau Guajajara afirma que a tentativa de remover da Aldeia Maracanã fere tratados internacionais de Direitos Humanos. Ele destaca que os indígenas não querem a realocação. A liderança explica que a luta não é apenas pelo edifício, mas em defesa de um “patrimônio imaterial, um local de memória e cultura dos povos”.
A ocupação do edifício pelos indígenas foi realizada em 2006. Durante estes anos, Urutau conta que o espaço se transformou em um polo de referência para uma rede de aproximadamente 150 indígenas, que se deslocam, de tempos em tempos, de suas aldeias para a cidade.
Mônica Bello, que tem uma filha indígena, afirma que o imóvel é importante para as etnias ali presentes e também para toda sociedade brasileira. Ela explica que o local fortalece a diversidade cultural. A própria Mônica já aprendeu mais de 20 músicas indígenas na Aldeia urbana.
Além do antigo Museu do Índio, as obras do Maracanã para a Copa de 2014 e para as Olimpíadas de 2016 também afetam o Estádio de Atletismo Célio de Barros e a Escola Municipal Friedenreich. Além de defenderem os edifícios ameaçados de demolição, os grupos mobilizados são contrários à privatização do estádio, prevista pelo governo no Rio de Janeiro. (pulsar)
Ouça os áudios:
Urutau Guajajara comenta o impacto da demolição do prédio para a cultura indígena.
Mônica Bello diz que a Aldeia como espaço de fortalecimento da diversidade cultural.