O que dizer de peças publicitárias veiculadas nos meios midiáticos, que primam pela qualidade técnica e se propõem perspicazes e inteligentes? Que alteram a percepção da realidade, reforçam conceitos e preconceitos e legitimam valores morais?
Não é de hoje que as imagens das mulheres esculturais, loiras saradas, servem de inspiração aos publicitários que buscam seduzir e povoar o imaginário dos homens. As peças publicitárias cumprem o papel de desumanizar e reduzir as mulheres à dimensão de fatias bem torneadas de músculos de carnes a espera do consumo, como pontua a jornalista Raquel Moreno, no livro A beleza impossível. É a própria coisificação preconizada por Marx.
Também não é de hoje que organizações feministas chamam a atenção para o tratamento dado às mulheres pela mídia. As mulheres representam hoje mais de 50% da população, têm grau de escolaridade superior a média dos homens e ocupam uma grande fatia do mercado de trabalho, estando presentes em grande número, inclusive, nas redações de jornais. Estas mulheres, protagonistas de suas histórias, de acordo com levantamento feito pela assessoria de comunicação da Semira (Secretaria de Políticas para Mulheres e Promoção da Igualdade Racial), em 2007 e 2008, são invisíveis para a grande mídia. Elas só ganham visibilidade, só se tornam notícia quando são vítimas de violência ou estampam colunas de jornais com pouca ou nenhuma roupa, em poses sensuais nas páginas dos jornais e também nas publicidades da TV, caso mais recente, Giselle Bundchen. A imagem das mulheres para os meios midiáticos está vinculada a ideia de objeto de consumo. Mulher é igual a erotização, banalização, mercadoria.
Infelizmente tais abordagens reforçam conceitos ideológicos de perpetuação da cultura machista e consequentemente da prevalência da força e da violência. “A mídia da forma que preconiza a imagem da mulher, faz o caminho da sedução palmilhado de produtos, brilhos, atitudes e aparências que ratificam os conceitos de força, domínio, desejo e submissão entre os sexos”. Faz-se necessário que o(a)s profissionais de publicidade, da TV, rádio e outras mídias, comecem a ter uma postura mais comprometida e conseqüente em relação ao produto que se pretende vender e a mensagem que se pretende passar para o(a) seu consumidor(a).
Acreditando que a 3ª Conferência Estadual de Mulheres de Goiás, cumpre o papel de questionar, refletir e protestar contra a mídia que denigre, que cria estereótipos e incentiva atitudes sexistas e homofóbicas, por tudo o que foi exposto assino e endosso a moção de repúdio a todas as formas preconceituosas e discriminatórias de mídia!
Geralda da Cunha Teixeira Ferraz
Escrivã de Polícia e Educadora
Radialista
Especialista em: Assessoria de Comunicação – UFG
Comunicação Pública – ESPM
Gestão Escolar – UFG